sexta-feira, 24 de setembro de 2010

CINEMA E LITERATURA


A invenção da imagem em movimento em França nos finais do século XIX, foi um dos momentos mais espectaculares da história da arte moderna. Pela primeira vez as pessoas podiam ver, digamos que, imagem em movimento, ou seja cinema, que nos princípios ainda era mudo, apenas era-lhe introduzida uma música de fundo que acompanhava toda a acção do filme.
Este desenvolvimento tecnológico aos poucos foi-se espalhando pela Europa, e começou a mudar toda uma sociedade que ela proporia já se transformava por via da industrialização que já se fazia sentir. Foi o inicio do controle das massas. Hoje, e passados todos estes anos, toda a sociedade se deixa influenciar por essa arte tão sublime, não só no cinema mas também na televisão.
Com o descobrir dessa arte, o homem constrói um mundo novo, fictício e fantástico, e ai pode também pela primeira vez imaginar e reivindicar novas vivencias que até ai estavam fechadas dentro de cada um. O cinema veio abrir uma nova época no desenvolvimento tecnológico e também social.
Com isto foram vários os cineastas que apareceram na Europa, mas em Inglaterra ouve um muito particular, Charles Chaplin. Charlot como era conhecido foi o pai daquela que é hoje conhecida como sétima arte. Pois, ele escreveu, produziu e também participou nos seus filmes, todos eles ainda mudos.
Em “tempos modernos”, Chaplin, quis passar uma mensagem social, num mundo em transformação, um trabalhador de uma fábrica que é quase escravizado no trabalho, e por outro lado, a inevitável substituição da máquina pelo homem, ou seja, o cineasta queria passar a mensagem para toda uma sociedade que vivia este dia a dia encapotado e em silêncio, vivendo apenas para o trabalho e com poucos direitos. Acho que neste aspecto o autor foi sublime, em primeiro lugar pelo tempo que se vivia, este filme foi lançado em 1936, precisamente entre as duas grandes guerras, a Europa ainda estava numa fase de recuperação e como é óbvio, toda a sociedade vivia com as memórias dum passado recente muito nefasto.
Depois, Chaplin criticava as evoluções tecnológicas, no sentido em que escravizavam o homem pela constante mecanização do trabalho levando o mesmo a um trabalho rotineiro exclusivamente dependente do ritmo implacável da máquina. Esta realidade elucidativa do cinema mudo de Chaplin, mostra-nos imagens poderosas:” vê-se Charlot, na hora de mudança de trono sujeito à pressão constante da máquina sobre o próprio”.
Também na literatura, mais precisamente em Portugal, o grande poeta Fernando Pessoa, escrevia sobre a substituição da máquina pelo homem. Álvaro de campos, foi o heterónimo escolhido pelo escritor para falar dessa realidade. O poeta, refere muitas vezes na sua poesia toda uma relação entre o homem e a máquina e também sobre os tempos futuros, modernos e tecnológicos. Álvaro de Campos, revela-nos um futuro mais ou menos desconhecido, onde a beleza das máquinas se confunde com a realidade quotidiana do mundo. Os seus poemas mostram-nos o requinte apurado das sensações humanas, digamos que é a combinação entre o novo modernismo das máquinas com os sentimentos de uma sociedade que enfrenta uma nova realidade.
Ainda no cinema, Uns anos depois e já em plena segunda guerra mundial, Chaplin e o cinema continua a ter um papel fundamental para toda a sociedade inglesa, pois o cineasta continuou a trabalhar e com os seus filmes não deixou esmorecer o orgulho inglês de patriotismo. Chaplin era uma arma fundamental, pois fazia com que as pessoas vivessem a cultura e por outro lado esquecessem a guerra.
Também no cinema, em 1925 o cineasta soviético Serguei Eisenstein, produziu um filme que hoje é considerado uma das obras mais importantes do cinema, estou a falar do filme “ O encouraçado Potenkin”. O cineasta russo também teve uma importância vital para a construção duma sociedade mais justa e mais culta. No filme Potenkin, o artista deu a conhecer uma realidade que estava praticamente escondida, que foi a revolução dos marinheiros do navio de guerra russo Potenkin. Serguei cria então uma obra sobre a injustiça, por outro lado mostra-nos a importância que pode ter o poder dos homens nas suas revindicações.
Assim, tanto o cinema como a literatura têm uma importância vital na massificação e alienação de toda a sociedade.

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